Apresentação
Após um longo tempo de desvalorização e esquecimento por parte de gestores e formadores de opinião da cidade, os subúrbios do Rio de Janeiro e seus habitantes hoje são objeto de inúmeros debates visando a ressignificação desses territórios. Assim como em outras periferias urbanas, suas vozes vêm se fazendo ouvir com mais ênfase através das artes, da literatura, da música e diversas atividades culturais, bem como da força de suas redes, costuradas de muitas formas e amplamente fortalecidas com a chegada das mídias digitais de domínio popular.
É fato que, atualmente, vários espaços dos subúrbios do Rio de Janeiro (que ocupam a maior área de seu município, se considerarmos as zonas norte e oeste juntas) estão se transformando e adquirindo novos usos. Entretanto, apesar de dotadas de infraestrutura urbana, essas regiões acumulam muitas vulnerabilidades, frutos de anos de descaso e abandono, tanto do ponto de vista sócio econômico quanto no que se refere à paisagem cultural, ao patrimônio, à arquitetura e à mobilidade urbana.
Assim, os desafios enfrentados por seus moradores ainda são inúmeros e, a participação direta dessas populações nas políticas públicas, em especial nas decisões que se referem ao planejamento da cidade, é fundamental. Para que isso venha a acontecer, faz-se necessária a produção de materiais informativos que promovam o acesso ao conhecimento e o intercâmbio de saberes mais aprofundados sobre a região, bem como estimulem cada vez mais debates entre as diversas perspectivas e pesquisas sobre esses espaços, cuja relevância para a cidade seja do ponto de vista histórico, social, geográfico, dos direitos humanos e tantos outros, é inquestionável.
Foi nesse contexto e a partir dessas premissas que o coletivo curador do projeto Diálogos Suburbanos se juntou ao Instituto 215 – organização cujos projetos privilegiam o diálogo e a diversidade como base para ações transformadoras – para elaborarem a proposta de construção de uma revista digital com foco nos subúrbios cariocas. Ideia que foi abraçada em 2023 pelo CAU/RJ, através do Programa de Patrocínio Cultural Ítalo Campofiorito.
Ao aceitar o desafio de coordenar a produção dessa publicação, o Instituto 215 reconhece, na iniciativa, uma oportunidade valiosa de contribuir para a criação de mais um espaço de troca, ampliação e disseminação de conhecimentos, em continuidade com projetos anteriormente realizados, como os projetos Rio de Encontros e Regiões Narrativas, sempre desenvolvidos em colaboração com jovens ativistas locais, engajados em contribuir para um Rio de Janeiro em que o direito à cidadania seja cada vez pleno e democrático.
Cristina Pedroza de Faria
Ilana Strozenberg
Teresa Guilhon Barros
(INSTITUTO 215)