Revista Novos Dialogos Suburbanos

Editorial: Educação nos subúrbios – escolas, arte e pedagogia antirracista

Entendemos a Educação como processos amplos e diversificados na criação de conhecimentos formais e saberes informais, portanto é um conceito inseparável de Cultura. Lembrando que as experiências de espaços escolares não se limitaram ao período republicano da nossa História. O tema deve abrir um leque de reflexões, novas pesquisas, memórias, registros e imaginação criativa sobre práticas ou locais entendidos de alguma forma como arrabaldes, subúrbios ou periferias. Teremos atenção em especial aos Subúrbios Cariocas, mas não de forma excludente, devido à complexidade do tema.

O cotidiano escolar não se limita pelas paredes e muros construídos como limitadores da ação educativa, mas sim de forma ampla. Portanto, devemos entender o universo estudantil para além da escola, englobando a casa, a rua, a praça, os lugares de convivência em geral. Por isso torna-se de extrema importância reconhecer o potencial transformador da arte na educação nos subúrbios. A arte desempenha um papel fundamental na expressão e organização da comunidade escolar, permitindo que se possa compartilhar histórias e perspectivas de uma maneira criativa. Ao integrar a arte como componente do processo de ensino e aprendizagem, as escolas suburbanas podem promover a participação ativa dos alunos, estimulando o pensamento crítico, a criatividade e a autoestima. No ano de 2023, a Oficina de Vídeo do Núcleo de Arte Grécia completa 20 anos de atividades em uma escola municipal da rede pública de ensino. O Núcleo de Arte Grécia, em seus 21 anos de existência, oferece oficinas artísticas para os alunos da rede municipal de ensino. Esse é apenas um exemplo de que a escola junto com a comunidade escolar pode ser uma forma de estímulo à Educação inclusiva.

É no contexto da educação dos subúrbios, que destacaremos algumas unidades escolares, entre elas, aquelas que a duras penas aplicam uma pedagogia antirracista. Aquelas do âmbito municipal, sobretudo, enfrentam a resistência medieval de algumas famílias. Resistência esta que reflete na dificuldade de se fazer cumprir a Lei que está em vigor há vinte anos. A Lei 10.639. Nas áreas mais atingidas pelas ações paralelas do Estado, é ainda mais doloroso esse ofício de conscientizar adolescentes pardos, negros, sem o mínimo de afeto familiar, sem noção de pertencimento. A falta de conhecimento sobre as origens do nosso povo e, sobretudo nossa ancestralidade é um componente decisivo para dificultar a efetiva aplicação de uma pedagogia antirracista. Educação nos subúrbios, deve passar hoje obrigatoriamente por uma educação antirracista, inclusiva e cidadã.

Flávio Lima Ferreira, Luiz Claudio Motta Lima e Maria Celeste Ferreira